Beatriz: Significa aquela que faz os outros felizes e indica uma pessoa bem disposta, capaz de fazer piada com tudo, para alegrar a si própria e para dar nova luz aos ambientes que frequenta. Mas isso não impede que ela tenha um espírito crítico, capaz de distinguir com muita clareza o certo e o errado. Do latim "bem -aventurada".

2006/04/18

EM MEMÓRIA DE ALGUÉM MUITO ESPECIAL

Hoje lembrei-me novamente dela. Nunca deixei de pensar nela mas há dias em que a saudade bate mais forte. Refiro-me à minha querida prima X. Faleceu muito jovem. Eu tinha 11 anos e ela 12 anos. Faziamos diferença de 9 meses. Eramos como irmãs. E... custou muito vê-la partir, vítima desse malvado cancro! Para desabafar e também como forma de lhe prestar homenagem resolvi escrever um livro a contar a nossa infância, a sua partida e o que mudou depois disso. Já comecei há mais de um ano. Nunca disse a ninguém. Recentemente, contei ao meu marido e aos meus pais. Agora quis partilhar isso também convosco. Agora que sou mãe, compreendo ainda melhor a dor dos meus tios. É para eles também que escrevo este livro.
Deixo-vos aqui uns excertos.
"Foi a 8 de Novembro de 1989 que a minha vida levou uma reviravolta. Ainda hoje ao escrever estas palavras sinto um nó na garganta. Por muito tempo que passe, a dor, simplesmente, não vai embora. Não direi que me habituei à dor pois não me parece um termo justo. Jamais me habituarei à ideia de perder uma pessoa tão querida. Admiti-lo seria como uma traição à sua memória. Talvez seja mais correcto dizer que, no meu dia-a-dia, tenho aprendido a coexistir com essa dor.
...
A operação parecia ter resultado. Tudo estava a melhorar. O cabelo começou a crescer e ela começou a engordar. Já falava em comprar os livros e em ir inscrever-se na escola para voltar às aulas. O seu estado era ainda muito débil mas a sua força de vontade era incrível. Todos achavam impossível isso acontecer pois ainda não tinha forças suficientes para recomeçar a sua vida mas também ninguém tinha coragem de dizer o que quer que fosse em contrário.
...
Não fui ao funeral. Os meus pais acharam que seria uma experiência traumatizante e eu, sinceramente também não me sentia muito bem com esta situação. É dificil lidar com a morte aos 11 anos de idade. Hoje sinto uma enorme tristeza por não ter ido despedir-me da X. mas lá no fundo não sei se não foi a atitude mais correcta. Não sei mesmo.
...
Nos primeiros tempos a revolta tomou conta de mim. Creio que o primeiro sinal foi ter rasgado a foto dela. Foi para onde dirigi a minha raiva no primeiro momento. Para a X., por me ter abandonado. De seguida, comecei a canalizar a minha revolta em várias direcções.
..."

5 Comments:

At Tuesday, April 18, 2006, Blogger alexandrachumbo said...

Força com o livro! Muito bem:) coragem:)

 
At Tuesday, April 18, 2006, Blogger Repolha said...

:) Ainda bem que decidiste escrever esse livro em memória da tua prima. E obrigada por partilhares esse capítulo. Um beijinho. Estou certa que a tua prima, se estiver por "lá" algures (se o "lá" existir...) está a gostar muito. Um beijinho grande

 
At Tuesday, April 18, 2006, Blogger Horas Vagas said...

Muito complicado...
Acho uma excelente ideia fazer a catarse através do livro!
Vai fazer-te bem, aos teus e a quem passou por aquilo que passaste.
Coragem e empenho na escrita!

 
At Tuesday, April 18, 2006, Blogger RB said...

boa! para a frente com isso!
assim nunca será esquecida e será sempre lembrada, mesmo por auqeles que nunca a conheceram.
bjs

 
At Tuesday, April 18, 2006, Blogger Luísa said...

Sem dúvida que a escrita é uma boa forma de catarse e de desabafo. Acho que compreendo como te sentes e como te tens sentido ao longo destes anos porque tb me aconteceu algo semelhante. Não era prima, era sobrinha mas tinhamos apenas 2 anos de diferença e por isso eramos como irmãs. Quando faleceu era mais velha que a tua prima, tinha 26 anos e foi em consequecência de complicações relacionadas com diabetes. E tal como tu, tb desde que sou mãe que compreendo melhor a dor da minha irmã e do meu cunhado. Tenho muita pena que a minha sobrinha não tenha conhecido o primo. Talvez um dia eu conte a história no meu blog.
Desculpa o longo comentário.

Beijinhos

 

Post a Comment

<< Home